É muito comum que, durante o tratamento psicológico, muitos clientes, quando começam a obter sucesso ou ganho de consciência, apresentem algum grau de resistência. Ou seja, o que é essa resistência? Segundo Sigmund Freud, significa que estamos rompendo fronteiras dentro do processo terapêutico. Estamos em processo de cura, acessando partes pouco exploradas da sua consciência, ou inconsciente, como Freud prefere chamar, que são questões que estão muitas vezes escondidas ou são questões dolorosas, questões que causam vergonha. Eu, psicólogo, tento acessar essas fronteiras com todo o cuidado do mundo, porque se sabe que, se não mexer direito naquela questão (“naquela ferida mental”), a terapia pode desandar. Alguns clientes têm maior tolerância que outros, nesse sentido.
É o aparelho psíquico do cliente entrando em ação, porque foi acessada uma fronteira “perigosa”, vamos dizer assim. É o trabalho do inconsciente esconder da consciência questões dolorosas para que a vida seja mais bem vivida naquele momento. Ou seja, é impossível viver com dor mental o tempo todo e é por isso que a gente precisa esquecer e não quer pensar nas questões que causam sofrimento.
Contudo, mesmo mexendo com cuidado e o cliente tendo resultados dessa intervenção, ainda assim, o cliente pode entrar em um processo de resistência contra a terapia. Por que isso acontece? Porque, às vezes, o problema acessado é de uma resolução óbvia. Quando estamos sob o efeito da neurose (neurose é uma forma de o organismo psíquico se defender de conflitos que não foram totalmente recalcados), não conseguimos enxergar esse óbvio. Quando, então, acessamos, ficamos muitas vezes irritados, frustrados por não termos percebido antes. Acabamos por nos culpar e frequentemente nos questionamos sobre nossa eficácia e capacidade de perceber e agir. Isso causa um constrangimento pessoal, que atrai questionamentos. Acabamos por refletir essa irritação no processo psicoterápico de uma forma pouco consciente ou “inconsciente”: procurando desculpas. Eu percebo isso nos reflexos dos atrasos para a sessão, faltando, não marcando a próxima sessão, ou até em certas manifestações de agressividade. Essas respostas significam que a psicoterapia está funcionando e que o próximo passo que você dará, fará enorme diferença! O próximo passo será ficar na zona de conforto ou manutenção do enfrentamento do problema que está com cura encaminhada? Você decide.
É importante ressaltar que você paga uma terapia, um psicólogo, para ter resultados, e a gente precisa acessar essas áreas. Eu sou um profissional que busca o RESULTADO. Eu quero que você encontre dentro de você a SUA MELHOR VERSÃO. Por isso, mesmo sabendo que eu posso perdê-lo(a) para a resistência, eu me arrisco em suas fronteiras. Peço desculpas se ultrapassei alguma fronteira e que, nessa ultrapassagem, tenha ficado alguma questão pendente. Entenda, é o meu trabalho. Eu não posso garantir que você vai ter resultados. Não adianta tapar o sol com a peneira. Seus resultados também dependem de você. Posso te garantir que “eu sempre dou o meu melhor!” Coragem, sinceridade e confiança são fundamentais dentro do nosso processo terapêutico. Desejo sorte daqui para frente, comigo ou sem mim.
Pertinente considerar, nesse momento, é que você tenha consciência do que está ocorrendo. E o que pode estar acontecendo eu já expliquei e reforço, dizendo: pergunte-se se você MERECE estar na terapia, voltar para a terapia, continuar encontrando a sua melhor versão. Falar de si não é fácil. Assim como ganhar músculos também não é, a gente precisa PERSEVERAR. E é nessa perseverança que vamos CONQUISTAR os resultados que buscamos. Quando você tiver o que você busca, pode olhar para trás e dizer que tudo valeu a pena. É como um atleta quando pega a medalha de ouro e sobe no pódio. É você quando conhece sua melhor versão, conhece os gatilhos que te fazem cair para não cair mais. E, quando cai, sabe se levantar. Consegue dominar as suas emoções e sentimentos; não é mais dominado por eles. Isso tudo é o pódio da saúde mental que se conquista com persistência e coragem.